Tudo começou quando... A frase, emblemática, tipifica o esteriótipo do analisado. Deitado num divã, de costas para o psicanalista - e este representado por um senhor distintamente vestido, barba grisalha... bem ao estilo Freud - ele conta sua vida, seus dramas e conflitos mais íntimos.
Ainda que os tempos sejam outros e a ortodoxia do divã tenha sido substituída pela leveza de poltronas, sofás e pufs -- porque gestos e lágrimas compõem um rico ferramental linguístico na comunicação entre paciente e terapeuta no processo analítico --, o conceito da psicanálise e as questões que motivam uma pessoa a buscá-la são vários, senão diferentes para cada uma.
No evento realizado na noite de ontem, 10 de novembro, na aconchegante sede do Projeto Instigar, em São Paulo, a diretora Débora Andrade explicou o conceito da psicanálise, relacionando-o a elementos como mecanismos de defesa, culpa, desejo etc.
Explicou, por exemplo de que se trata do estudo do inconsciente. "É o trazer o de mim que eu não sei para o mundo real... o que eu escondo de mim mesmo até o nível da consciência e lidar com isso", disse, com sua voz doce e quase maternal - no melhor sentido da palavra - porque sua voz é um "abraço de mãe".
E é também a análise do contexto psíquico. Algo como "se estou presa num conflito interno que se repete e gera sofrimentos e analiso o funcionamento psíquico por trás deste conflito, ou seja, as formas de defesa que meu inconsciente criou para não lidar com o conflito, eu tendo a enfrentar este processo e resignificá-lo para escolher uma nova forma de lidar com ele e, consequentemente, deixar de vivê-lo. Com isso, saio da zona de angústia e posso dar um salto de qualidade de vida." Complexo, não? Mas, se há o desejo de transformar - e isso foi discutido, porque só se muda quando se quer, não adianta forçar a barra de fora para dentro - esta viagem é boa demais.
A razão pela qual este assunto virou post aqui, no Mosaico Social, blog de discussão sobre redes sociais e jornalismo, tem a ver com:
1. O fato de eu ter conhecido a Débora Andrade numa rede social de Mulheres de Negócios. Graças à enorme empatia que rolou entre nós, eu me tornei sua cliente.
2. Porque um trabalho deste só pode dar certo - além de todo o o seu conhecimento orquestrando os dois grupos que faço, um com meu filhote, outro já divulgado no #twitter, o Grupo #Escolhas, porque a comunicação flui redondinha. Na transmissão, as mensagens entre emissor e receptor, ainda que subliminares, são trabalhadas pontualmente ou de forma a que aflorem no momento certo.
A gente não quer só comida, a gente quer comida e felicidade
Como a própria Débora disse ontem, "o ser humano quer prazer; e, porque não quer sofrer, usa mecanismos psíquicos de defesa para não enfrentar conflitos. Por isso, acaba, de alguma forma, fazendo escolhas erradas." O resultado pode ser depressão e sofrimento, somatização, explosões ou, o contrário, implosões em forma de sapos ou corpos estranhos "somas" - o meu caso - adenomas - ou, mais seriamente, resultam em tumores malignos.
Não importa o efeito, o desgaste é enorme - psíquico e físico. Para evitar sofrimentos, o inconsciente coloca-nos em ciladas que geram mais sofrimento. #mucholoco
E quando a pessoa não está preparada para o prazer? O que ela faz com isso, com a angústia de usufrui-lo? Há "louco" para tudo... A verdade é que existem pessoas que precisam se permitir serem merecedoras de prazer, eliminar culpas criadas muito tempo atrás, transformadas em desmerecimento. E, no meio do papo surge a palavra amor, complementada pela expressão amor incondicional. "Mas isso é coisa de mãe e pai", disse uma das participantes. Sim, na real, ninguém ama incondicionalmente, sem esperar retorno pelo investimento do carinho depositado.
"No mundo real, amor representa trabalho, é tarefa", frisou Débora. Parei, pensei e me lembrei do pequeno príncipe de Saint Exupery: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Ou apenas, em como fazer uma planta crescer. Se é preciso regá-la todos os dias, fica fácil entender que amor requer trabalho! Mas, sobretudo, requer que nos conheçamos a nós mesmos antes de amar o outro. Para podermos amar ao outro, precisamos antes nos amar. Para quem é religioso, basta ler a Bíblia... e isso também, falando em redes sociais, não é #mucholoco?
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