domingo, 25 de outubro de 2009

Google + Twitter = velocidade + acesso instantâneo vão desbancar qualquer jornalista no front



Enquanto meu lado “adivinha” não me faz sonhar com a sequência exata das dezenas vencedoras daquele superprêmio acumulado da Mega-Sena, eu vou praticando meus exercícios de futurologia de outras formas.

Foi eu escrever sobre a ferramenta de buscas do Twitter, no post da “Message in a Bottle” e pimba, na mesma semana o Google e a empresa Twitter anunciaram sua parceria baseada na integração do que? Dela, a mesma ferramenta. Com o acordo, o mundo vai finalmente entender algumas das estranhas músicas cantadas pelo passarinho azul que tanto movem as pessoas que investem seu tempo em frases de-todo-tipo e para-todo-tipo-de-público com as siglas mais estranhas, antecipadas por sinais de jogo-da-velha (as hashtags) e outras gírias criadas especialmente para quem é “twitteiro”.

Jargões e siglas de usuário da plataforma à parte, o fato é que os próprios sócios que a criaram – entre eles um que esteve aqui na semana passada, o Biz Stone – assumiram total espanto sobre o sucesso estrondoso que o pio vem obtendo em apenas três anos de existência (e disseram que mesmo o nome Twitter lhes parecia ridículo, a princípio). Mas, passada a fase do oba-oba agora é a hora de mostrar qual é a nota mais alta que o pio deste pássaro alcança, que altura seu vôo atinge, enfim, todas as metáforas cabíveis. Biz Stone mencionou algo como estar trabalhando para fazer a ferramenta gerar renda e que existem empresas dispostas a pagar para receber uma análise de performance de resultados.

Mas, concentrando apenas na parceria com o Google, a gente pode prever o quanto ela será muito boa para o Twitter – sim, mais para o Twitter que para o Google. Ao publicar os posts de twitteiros sobre um assunto procurado por um indivíduo em sua página de buscas, o Google complementa sua pesquisa, ok. Mas... só isso. A partir daí, todo o mérito do que virá a mais com isso será dos twitteiros que postarem seus pios em tempo real, confere? O que o Google será, na verdade, é um grande facilitador ao democratizar ainda mais o uso do Twitter, e, claro, amplificar o que dizem sobre marcas e pessoas neste universo até então "paralelo" - especialmente em locais nos quais a ferramenta ainda é desconhecida ou... vista de soslaio, como acontece em alguns setores da economia, ou em faixas etárias bem específicas.

O Brasil neste contexto

Pensemos na realidade brasileira. Quem twitta aqui são estudantes ou pessoas de nichos – tecnologia, mais especificamente, jornalistas, blogueiros, artistas, os políticos, agora movidos pelo incentivo das proximidades das eleições, e... curiosos.

Quando se fala em empresários, são contados nos dedos – porque, inclusive, raros são os que realmente curtem tecnologia e, se twittam, o fazem – em sua maior parte – como o Mano Menezes. Se não é via filha ou assessora, é por meio da agência, web-partner, evangelista ou web-qualquer-coisa. Afinal, a cada dia cria-se um novo codinome para um cargo cheio de bossa de alguém com background sabe-se lá de que formação, que vai estruturar toda a estratégia e cuidar do conteúdo das mídias sociais pelo tal executivo. (Eu já vi de tudo - gerente de sistemas, uma turma legal e auto-didata superesforçada mas sem qualquer canudo que justifique um background de Comunicação, Marketing, RP ou alguma relação com estas cadeiras e que escreve "para mim fazer", " a nível de", "enquanto empresário" e coloca crase antes de verbo... enfim, de tudo um pouco - e fecha, parêntesis.

Tudo em função de uma verdade que não muda no mundo dos negócios, muito pelo contrário, é cada vez mais vital: “Tempo é dinheiro”. Imagina se o próprio empresário vai ficar diante de um TweetDeck ou algum aplicativo para twittar sobre sua empresa/marca etc.. No Brasil, o Google não mudará muito porque já é unanimidade entre os pesquisadores. Representa, segundo pesquisa feita pela Serasa Experian Hitwise, 95% das pesquisas feitas na internet, conforme notícia divulgada esta semana e twittada pelo @mosaicosocial. Acho que todos se lembram quando o jornalista Paulo Henrique Amorim o chamou de oráculo, não?

Tempo real = vida pulsante = notícia ao vivo

Agora, imagine começarem a pipocar no meio destas pesquisas os pios twittados no site de microblog. Será “uma loucura”. Os usuários do Google terão acesso a situações em tempo real sobre os temas pesquisados e isso pode gerar vários cenários.

Como eterna otimista, acredito em uma mudança de comportamento para o bem. Numa forma de pesquisar na Internet, que tornará as pesquisas muito mais interativas e criativas do que são hoje. Pode até acabar com o famoso Control chups/control cusps de trabalhos inteiros a partir do momento em que, por exemplo, um estudante se deparar com um jornalista ou pesquisador, ou mesmo artista twittando sobre algo mais novo e começar a trocar figurinhas com aquela figura “em carne e osso”. Sonho? Poesia? Baixou a Polliana?

Não sei. Acredito na interatividade da internet. Não era este o objetivo da Tevê Digital que tanto se propalou por aí e que na verdade, não rolou – ainda? Os posts de twitteiros podem ainda tornar trabalhos escolares discussões atuais sobre o que está acontecendo agora, no minuto em que a pesquisa estiver em andamento – e por que não – em sala de aula, com a participação dos twitteiros? Super!

Estou dando o exemplo da pesquisa escolar porque sou #jornalista e #maecomfilhos (como vários leitores daqui que me seguem no Twitter já me viram escrever!). Mas há uma infinidade de outras variantes para estas buscas, se voltarmos alguns parágrafos acima e relermos o perfil do twitteiro, só no Brasil – de nichos.

O que cabe discutir é que este acordo Google/Twitter vai muito além do exemplozinho pueril sobre condições do tempo numa estação de esqui sugerido pelo Google para apresentar sua proposta ao ‘honolável público’. Pode fazer com que pessoas comuns tenham acesso imediato aos horrores do Irã no momento em que balas perdidas na multidão pacífica estejam pipocando em pescoços inocentes ou helicópteros policiais abatidos por armamento bélico pesado nas mãos de traficantes em morros do Rio de Janeiro. Ou, por que não, revelar que uma determinada cura de uma rara doença acaba de ser descoberta?

Novidades antes na mão de muito poucos passarão a ser instantaneamente conhecidas por muitos em pouquíssimo tempo, criando uma velocidade e disseminação sem precedentes – sobre pessoas, coisas, empresas, marcas, tudo, absolutamente tudo. A verdadeira tsunami sobre a mídia tradicional. Sem dúvida, uma parceria que traz benefícios para as duas empresas, mas sobretudo, ainda mais aos usuários, garantindo velocidade e acesso às informações que circulam no Twitter e na internet. Ao ler sobre este acordo, estas perspectivas de notícias te passaram pela cabeça?
(foto: http://proavirtualg11.pbworks.com/f/1165355432/imagem7.JPG)

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