segunda-feira, 1 de março de 2010

Web Expo Forum: Marcelo Negrini diz que novo buzz tecnológico vai durar 10 anos e será capitaneado pelos meios móveis



Negrini ainda prevê um futuro ruim para a grande imprensa, bom para veículos especializados e, para os jornalistas, graças ao Content Strategy, a previsão é de mudança de foco!

Um dos destaques da 4ª Edição do Web Expo Forum, promovida pela Converge Comunicações de 17 a 19 de março, em São Paulo, é o diretor de Marketing da LabOne, Marcelo Negrini. Figura constante na grade de palestrantes do evento, pela 3ª vez ele vai estar à frente de uma plateia para abordar as tendências em tecnologia de mídias sociais. Na 4ª. feira, dia 18, de 14h às 15h, no Workshop Web Business, ele vai abordar o Content Strategy, tema que escolheu por acreditar estar de acordo tanto ao momento atual do mercado quanto ao seu, profissional.

Em entrevista exclusiva a este blog, ele fez afirmações otimistas ao dizer que não falta demanda de mercado para as mídias sociais, “nem de empresas inovadoras, que abraçam novidades tecnológicas antes de todo mundo, nem de empresas retardatárias, que adotam as tecnologias depois que elas ficam provadas”. E foi além: “Em breve vamos ter outro boom tecnológico, puxado pela Web móvel.” Para Negrini, este novo boom será “maior que a bolha do fim dos anos 90” e mais permanente, porque, ao contrário da bolha da Internet, esta, que envolverá os celulares, deverá “levar conteúdo e relacionamento das empresas para esse novo meio vai render mais de 10 anos de expansão no mercado de tecnologia”.

Porque o Content Strategy

Até chegar a este veredicto, Marcelo Negrini fez um wrap-up do mercado:

• 2008:
* Momento de construção de redes sociais para as empresas criarem relacionamento mais próximo com seus clientes.
• 2009:
* Já no mercado, via mídias sociais, as empresas precisavam monitorar o que era dito a seu respeito em ferramentas sociais abertas, como Twitter, Orkut, Facebook e blogs.
* As ferramentas já estavam sendo entendidas e trabalhadas como mídias importantes, ajudando a vender produtos e criar relacionamentos duradouros com as marcas.
• 2010:
* Os consumidores estão exigindo mais das empresas e marcas.
* Não basta estar presente na Web ou em mídias sociais; é preciso oferecer conteúdo original, rico, e em sintonia com os valores de cada marca e com os estilos de vida associados aos produtos e serviços.
* Cada empresa vai precisar publicar muito texto, imagens, vídeos e áudios, com alta qualidade, mais ou menos como os grandes portais Internet o fazem.
* Passada a fase do pioneirismo, todas as empresas vão precisar de uma estratégia de publicação de conteúdo, até para gerar as discussões corretas nas mídias sociais.

Conteúdo das mídias sociais x Content Strategy

O convidado do Web Expo Forum da LabOne acredita que o tema Content Strategy ainda é tão novo que “não chegou no ponto de ter aventureiros e pessoas falando bobagens – como no caso das mídias sociais. Ele vê o tema como mais complexo e com operações ricas em conteúdos e muito mais caras que ações simples em mídias sociais.

“O desafio hoje é fazer com que as pessoas, principalmente os responsáveis por marketing nas empresas, entendam que isso é uma necessidade, e não uma opção”, disse. E defende a participação estrangeira no mercado, como também a exportação do trabalho brasileiro.

“Apesar de o mercado no exterior estar mais maduro, não existe um gap tão visível nem entre clientes locais e multinacionais, nem entre agências locais e multinacionais”, explica, citando: “A Garage, brasileira, está fazendo um trabalho fantástico com Skol Beats, da AMBEV, multinacional brasileira. Já, a AgênciaClick, hoje ta,bém multinacional (Isobar) mas com DNA totalmente nacional, está fazendo o portal da Sadia, brasileira. E tem a Wunderman, multinacional, fazendo os sites da Nokia, também multi. Hoje, a separação é entre empresa/agências que têm estratégias para conteúdo e mídias sociais, e empresas/agências que ainda estão na era do hotsite e da “ação farofa” em mídias sociais”, polemiza.

E a imprensa?

Apesar de não ser tema do encontro, mas do blog, resolvi levá-lo para o mercado jornalístico, ao perguntar para o Negrini como ele entendia sua incapacidade de encontrar um modelo de negócios, o futuro, enfim, sua visão para nossa área.

“Minha visão sobre isso é que a crise jornalística tem muito pouco a ver com tecnologia, e sim com um processo começado pelos próprios veículos, no qual eles se tornaram por conta própria irrelevantes. São poucos os veículos que fazem apurações fidedignas dentro de matérias, que são fundamentais, mas perdem o valor dentro de um modelo editorial cada vez mais sensacionalista e com cara de “infotenimento”. Os bons jornalistas continuam heróicos nos grandes veículos, e praticando sua profissão corretamente. Mas seu trabalho fica espremido entre o ruído da cobertura de celebridades, infinitos guias de saúde e equilíbrio, guias de compras, publieditoriais de todo tipo.

O público vê o grande jornal e a grande revista semanal ficarem com a mesma cara e a mesma qualidade dos tablóides e revistas de inutilidades. Aí encontra toneladas de veículos não-tradicionais, como blogs, falando de assuntos específicos com grande qualidade. E, no caso dos grandes blogs ou veículos online, com as mesmas regras e parâmetros de qualidade do bom jornalismo. A escolha pelo online é fácil, e não é por causa da questão pago versus grátis. É pela facilidade de se chegar a conteúdos específicos rapidamente, sem ruído. O blog especializado está a um clique do Google. O mesmo assunto, se aparecer no jornal ou revista, é uma notinha que desaparece ao lado da cobertura dos “reality shows”.

A crise da imprensa não é generalizada. Ela está atingindo os veículos de interesse geral, especialmente os grandes jornais. As revistas de interesse geral vão em breve entrar na mesma crise. Mas as revistas especializadas, dirigidas a nichos e com melhor qualidade, estão indo muito bem. E a grande maioria dos veículos de economia também vai muito bem. O segredo? Esses veículos não diluíram seu conteúdo, nem procuraram o mínimo denominador comum como os grandes veículos. O grande problema é que essa onda de empresas publicando conteúdos vai bater de frente com essa imprensa “saudável”: bancos vão competir com as revistas de economia, fabricantes de calçados esportivos vão competir com revistas de fitness, cervejarias vão competir com guias de entretenimento.

Eu acho que o futuro vai ser péssimo para os veículos, mas não necessariamente para os jornalistas. Vai haver uma demanda crescente pelas empresas por conteúdo de qualidade, e jornalistas têm a formação correta para fornecê-lo. Pode ser que o futuro emprego de muitos jornalistas seja numa agência de publicidade ou em uma produtora de conteúdo especializado. Foto: Izilda França

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