domingo, 25 de setembro de 2011

SMW-SP: gostinho de quero+


Passada a semana em que aconteceu, simultaneamente, em importantes capitais, o Social Media Week deixou no ar um gostinho de quero +.  

Para mim e para algumas pessoas que cá e lá comentaram, o SMW-SP pecou. Mas, por que, se o Lucas Couto e demais curadores reuniram gente #tudodebom #salvesalve, como costumo me referir em rede ao que gosto muito?

Alguns pensamentos provocadores e ou percepções. 
  • A maioria de nossos especialistas não teve tempo para deslanchar em novidades, e, por isso, não saiu do lugar comum: o que mais se ouviu foi o Lucas dizer “estamos estourados de tempo”.  Mentira?
  • Poucos conseguiram realmente ensinar a quem se dispôs a ir pessoalmente a um local longe para aprender: foi raro ter um momento em que números decorrentes de respostas do dia a dia vivido por agências, empresas de monitoramento, clientes etc. foram apresentados. Há exceções, mas - reforço - raras.
  • O exercício de achismo - apenas para gerar reverberação no twitter - foi demasiado, especialmente nos debates.  
  • Enquanto isso, assuntos como geolocalização, o uso de infográficos, o jornalismo online e o jornalismo-cidadão comparados às mídias sociais, a revolução que os tablets têm causado no dia a dia de consumidores, agências, empresas, ou seja, outros e não menos importantes temas envolvendo a comunicação, em geral, passaram batido.
A crítica estende-se também a quem investiu no SMWSP. Será que faltou grana para, a exemplo do que se viu em Bogotá, na Colômbia, termos, pelo menos, alguém de fora? Eu acho que nem precisaríamos de alguém de fora, porque temos talento de sobra aqui, o problema foi tê-los no palco com tempo para passar mais que uma experiência de eu acho isso e aquilo, mas novidade ou de pensamento novos para outros reverem suas estratégias e/ou aprenderem a criá-las. 

O fato é que não sou somente eu que tem comentado o fato de que os eventos de mídias sociais aqui estão cada vez mais repetitivos, sem sair da caixa e, pior, tornando-se um ambiente de uma tribo. Se as mídias sociais são um ambiente em constante #beta, se o brasileiro é um dos povos mais criativos, tudo isso ficou a dever nesta edição do SMWSP.

O que houve? Acabaram as novidades? Somos menos empreendedores que americanos e europeus, e, por isso, não tivemos a mostrar de realmente novo? Mesmo sem uma atração internacional para fazer um contraponto – até porque não precisamos disso - não houve quem pudesse ser comparado aos performáticos Gil Giardelli e Graça Taguti, que literalmente fazem a diferença em qualquer evento.

Institutos de pesquisa colocam o Brasil numa posição de relevância quanto ao uso das mídias sociais. Mas já perceberam como? Na qualidade de usuários e ainda, barulhentos, sem força para realmente emplacar uma revolução, por exemplo, como fizeram os ingleses nos ataques de agosto, ou ainda antes o leste europeu em massa contra as ditaduras locais.

Somos mesmo - ao que parece - revolucionários de sofá. E mesmo eu incluo- me na categoria. Afinal poderia ter voltado lá e twittado diretamente do evento, como fiz no primeiro dia? Mas, não: acabei fazendo-o ainda mais, mas relaxada em minha poltrona, eventualmente mudando para o escritório. Desencantei-me com a sistemática, a forma de apresentar etc., e não me levantei do sofá para voltar no dia seguinte. Nem por isso deixei de interagir com seu conteúdo, retwittando o que achava importante, ainda brincando com uma ou outra figura, parabenizando os vencedores do prêmio Epic e provocando outros. Mas e daí?

Passados três anos do boom deste novo movimento no mundo dos negócios, e hoje, após a terceira edição do SMWSP, só posso lamentar nossa posição de colônia neste latifúndio. Ainda vamos gramar muito para mostrar a diferença que poderíamos. Pior, tenho certeza de que sobram cases brasileiros de sucesso que poderiam ser apresentados de forma mais brilhante, para ajudar a explicar e ensinar o que se deve ou não fazer para se dar bem nesse ambiente, e mais gente, de valor e diferente das "sempre as mesmas". Se as mídias sociais são a sociedade em dolby surround, onde estão nossos verdadeiros especialistas e suas maravilhosas ações para fazer a diferença e compartilhar conhecimentos? (Imagem: http://bit.ly/one5Hk)

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