A quem ganhar daqui a pouco caberá o dever de casa de manter olhos e ouvidos ininterruptamente abertos aos agentes sociais, indivíduos ou simplesmente povo. Porque pode ser que a nossa participação nas mídias sociais tenha sido infinitamente menor e menos expressiva que a dos americanos, que gerou o efeito Obama, levando-o à Casa Branca. A despeito do caloroso teor emocional dos conteúdos postados, não resta dúvida de que “nada será como antes” na história deste Brasil. O povo – nós – e, quando digo nós, digo todo mundo que usa as mídias sociais – e não somente quem tem diploma, demonstrou insatisfação com o status quo:
Da Política de compadres, que só faz imortalizar a corrupção pela qual nosso País é conhecido desde o tempo das capitanias hereditárias;Sinal dos tempos, cada País tem o resultado de mídias sociais que merece pela educação que dá a seu povo. Aqui, a polarização evidenciou-se pelo calor emocional, pelas baixarias, “naturais” de um povo sem educação, que não tem conteúdo para discutir – o que se viu, inclusive, entre os próprios candidatos, infelizmente, refletindo o nível de seu povo. Uma pena.
Da Educação atrasada, que esvai-se entre aqueles que jamais absorveriam os “desacordos” ortográficos por não saberem, simplesmente, escrever; e mesmo sem estes, esquecem-se de preposições, craseiam artigos senão masculinos para não mencionar concordâncias e outros absurdos que diariamente desfilam em timelines e textos inteiros de blogs;
Do leonino sistema financeiro, que consome nossas reservas internas, tornando o Brasil um País somente virtualmente sadio, literalmente para inglês ver. Porque, sob bases tão frágeis, com um endividamento caseio que assombra a antiga classe média sem emprego ou a nova classe média, inebriada com a facilidade de crédito, como pode um País estar bem se dados recentes mostraram que segundo Dados do Banco Central, nos últimos cinco anos, o número de brasileiros com dívidas superiores a R$ 5 mil, considerando todos os tipos de empréstimo, saltou de 10 milhões para 25,7 milhões.
Da cuecalização do dinheiro dos impostos que pagamos ou não, mas que o povo, somatório de todas as classes econômicas do Brasil, não quer ver em meias e cuecas de ninguém de partido algum, mas revertidos em benefícios ao... povo.
Sem considerar esta ou aquela legenda, ao assistir ao vídeo a seguir, que mostra – como podemos pensar em mudar, sem reinventar a roda, mas absorvendo o que está se fazendo ou pensando lá fora também, deixo como sugestão o repensar de uma nova realidade. Que pode tornar os brasileiros vanguardistas, quem sabe.
Seja qual for a pessoa que vier a ser escolhida para, em 1º de Janeiro, assumir o Brasil que pensamos para nossos filhos, netos e bisnetos, desafio que deve estar além dos interesses caudilhescos, não quero, para meus descendentes, a exemplo do que a personagem do sociólogo do filme de José Padilha disse, que seu futuro seja o de que eles venham a viver em Bangu 1. E você?
8 comentários:
Acho que ainda estamos engatinhando nessa coisa de "mídias sociais", que aliás é um péssimo nome, afinal que mídia não é social?. E quando digo que demos apenas os primeiros passos refiro-me à civilização ocidental, não apenas ao Brasil.
Mas também acho promissor o leque que se abre aos novos veículos que adotaram esse pomposo nome...
Olá, pessoal.
O triste resumo do uso das mídias sociais no Brasil nessas eleições foi muito bem resumido neste post. "O embate entre os candidatos é reflexo do seu povo".
Cabe aos que têm consciência da boa educação, seja ela familiar, política, acadêmica ou de berço, elevar o debate, a conversa.
Sempre digo que as mídias sociais on line são revolução e evolução da voz do povo. Ganhamos amplitude de voz, mas não podemos perder o poder de ouvir, de conversar, de refletir. Criticamos muito as mídias clássicas o jeitão dos políticos, mas agimos tal e qual como eles quando estamos no mesmo patamar.
Sigamos no aprender, no viver, no conviver.
[ ]'s
Querida Vany, hoje tive a infelicidade de ouvir o William Waack dizendo na Globo News que "a imprensa deve controlar o governo" e que "a imprensa está cumprindo o seu papel, de ser crítica". Fiquei pensando nas palavras dele e achei, de uma forma geral, bem ruim. Primeiro, que a função do jornalismo não é controlar governos, e outra que, quando se fala em crítica, fico pensando que a "crítica" que costumeiramente se faz, pelo menos nos grandes meios, não é a crítica que dialoga com o espectador, que o apoia na construção de um pensamento, de uma reflexão, e sim, de uma crítica parcial e carregada de imposições à supostas verdades. Enquanto o jornalismo clássico se prestar somente ao papel de "formadores de opinião, doa a quem doer", o que eu chamaria amargamente de "impositores de opinião", parte da nossa educação - reforço, parte, pq não posso ser leviana de jogar esta responsabilidade toda nos meios - estará eternamente fadada ao fracasso. Porque ao invés de informar em todos os seus âmbitos, cae-se numa perspectiva que mais confunde e subestima o espectador do que o informa plenamente. Então, desta forma, é muito fácil entrar no apelo emocional e passional, como se política fosse jogo de futebol (buscando um exemplo próximo, aproveitando o ensejo das eleições).
Se somarmos isso ao fato de que, nestes 73 anos de obrigatoriedade de alfabetização no Brasil, pouco ou quase nada tem sido feito, e como diz minha mãe "ou não teríamos um contingente de alfabetizados cuja precariedade é visível", a tendência é realmente continuar no fracasso.
Peço que não me leve a mal com o comentário, estou apenas fazendo um exercicio de reflexão sobre a nossa educação e nossos meios de comunicação de massa, de uma maneira geral. Porque sabemos por A+B que educação não se faz somente em sala de aula, com lousa e caderno.
Como citou o colega acima "Cabe aos que têm consciência da boa educação, seja ela familiar, política, acadêmica ou de berço, elevar o debate, a conversa."
Por isso sou muito a favor de que as mídias sociais, como são chamadas, sejam grandes aliadas e protagonistas desta história - desde que tenhamos plena consciência de como usarmos bem esses meios, também para tais fins.
E só pensando numa questão prática, acho que o processo de inclusão digital, apesar de ter muito avançado, ainda não atingiu plenamente o que de fato poderia atingir.
O uso dos meios de comunicação reflete o nível cultural de um povo. Temos muito a aprender, a evoluir. O texto detalha com grande lucidez o nosso processo, nosso modus operandi tupiniquim.
Confesso que quando o uso da internet foi amplamente liberado para essas eleições, sem se sujeitar às regras comuns às demais mídias e regras do TSE, fiquei muito preocupado.
Acho que superestimei o 'poder' das redes sociais no processo eleitoral...
É fato que se pode multiplicar numa progressão geométrica qualquer bobagem ou mesmo mentira, postada numa rede social, até que, em alguns minutos, se torne uma verdade irrefutável...
E era esse o meu temor. Cheguei a fazer uma brincadeira com um jornalista, mostrando a ele que um determinado deputado respondia a processo por agredir a mulher e a filha. Claro que montei isso, mesclando com dados oficiais dos sites de tribunais, onde se pode consultar processos 'on line', mas não espalhei isso, foi só para 'pegar' o jornalista, e tratei de desmentir de imediato, antes que ele replicasse a informação.
Pois bem, veio a liberação e constatei que meu temor inicial era exagerado, senão, infundado...
Durante esse campanha eleitoral vimos "de um tudo" sendo postado no twitter, orcut, face boock, e-mails que circularam aos milhões...
Mas parece que a população, ou a parte da população que tem acesso à essas redes sociais e à internet em geral, não deram maior importância ao que circulou pelas 'nuvens'...
Primeiro, porque consideravam manifestações exageradas e parciais dos partidários desse ou daquela canditado, no que tinha total razão.
Segundo, mesmo quando as informações e comentários eram postados por jornalistas ou sites de jornais, eram vistas com reservas, como acontece mesmo com a imprenss em períodos eleitorais.
Sabemos que no Brasil os pirncipais órgãos de imprensa não são tão independentes como deveriam em matéria eleitoral, e acabam demonstrando o seu interesse ou preferência por um candidato, em alguns casos até de forma explícita, como fez o Estadão...
Então, pelo menos nessas eleições, as redes sociais não tiveram o poder de ser ums instrumeno eficiente de divulgação de campanha eleitoral.
Mas, como dise Vany em seu artigo, acredito que, quando pararmos de engatinhar nessa área, e começarmos a caminhar, num segundo estágio de evolução do uso dessa mídia poderosíssima, as coisas deverão mudar um pouco.
Claro que daqui para frente todos os políticos passarão a ver com mais 'respeito' os comentários, e perceberão o poder de mobilização popular que uma rede social pode ter, quando entrar nesse estágio um pouco mais evoluido...
Mas para que essa evolução chege é importante que os usuários das redes saibam avaliar o seu poder, e aprendam a fazer bom uso dele.
Grande abraço!
Querida Vany. Interesso-me, talvez pela minha formação, pelo sentido e definção do que seja MOSAICO enquanto imagem ou padrão visual criado pela incrustação de pequenas peças coloridas sobre uma superfície (parede, piso etc.), aglomeradas e fixadas por um cimento, tão bem acasalado com o adjetivo SOCIAL no que é concernente a uma comunidade, a uma sociedade humana, ao relacionamento entre indivíduos etc. Assim, lendo o seu texto,mas lamentando profundamente não ter conseguido ver o vídeo, tenho que pactuar com as suas ideias fundamentais explicitadas a partir do próprio título: Estão ai as MÍDIAS SOCIAIS, e os seus atores, protagonistas, coadjuvantes ou mesmo os espectadores, não poderão mais ser desprezados, em qualquer processo de harmonização política. Considerando que falar em harmonização política é mera utopia, mesmo nos países que já avançaram bastante em seus regimes democráticos,continuaremos a conviver também com coronéis e coronelismos perpassando as redes sociais. Tal como um MOSAICO, teremos a incrustação de peças policromadas e multifacetadas que vão continuar demarcando as diferenças ideológicas, filosóficas, religiosas, políticas, ... também nas redes sociais. Afinal, se são redes sociais, são próprias e concernentes ao relacionamento entre as pessoas, nas divergências, uniformidades, desigualdades e similitudes. Obrigado, VANY, por nos oferecer esta oportunidade de reflexão sobre tema tão rico e presente em nossas vidas.
A parte triste do texto é que ele é real, não é um conto. Ter um país tão diverso que não tem o investimento merece é doloroso. Mas a parte também é nossa as eleições para prefeito estão chegando e é a nossa vez de criar uma cultura nova. Cultura essa que mude o foco para conhecer os candidatos e suas propostas, e não suposição de erros passados ou escândalos sem nexo. Agora é a nossa vez de mudar e melhorar o país, as ferramentas existem agora é só usar.
Esse post e seus comentários dariam pelo menos uns 6 livros se fossem desenvolvidos :) nem vou tentar falar tudo que pensei, vou só pontuar :)
- Nem toda mídia é social como diz o primeiro comentário. Jornal é mídia e não é social, mas concordo que toda rede de amigos é uma rede social, seja online, seja offline
- Nem sempre é o povo que define o discurso político, muitas vezes o discurso político é que molda a reação do povo e creio que foi o caso. O discurso político não foi capaz de modificar para um ou para outro lado as intenções de voto definidas logo no início das eleições, ou seja, o povo não deu ouvidos. Mas o povo absorveu a virulência acusatória e difamatória que ditou o "diálogo" dos candidatos.
- A plebe é ignara? Francamente, não creio... Nossa educação é fraca, mas nos EUA também ouve-se muito "we is" e "they is", ou seja, nem sempre é necessário ser bem alfabetizado para ser perspicaz e creio que nosso povo é muito mais perspicaz do que se pensa
- Me parece que grande parte das classes C e D conectadas simplesmente não se fez perceber nas redes. Talvez por terem mantido um diálogo estreito em microredes sociais via scrap e msn. A maior parte das manifestações que vimos online parecem ter vindo das classes A e B, tradicionalmente pouco politizadas e bem agressivas.
No entanto tudo isso é fruto mais do meu felling do que de pesquisas consistentes, não sei se alguém conseguiu fazer alguma.
Creio que só nos resta especular.
Mas uma coisa é indiscutível: houve mobilização online em vez da tradicional apatia (apesar do recorde de abstenções nas urnas) e já teve gente que deu atenção à voz da massa conectada e falante.
É um primeiro passo...
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