terça-feira, 1 de setembro de 2009

IBM: mudança dos tempos - quem diria - é visível até na calça jeans


Especial para a Rede Nós da Comunicação

Que a era digital tem provocado mudanças estruturais na vida corporativa, isso ninguém mais duvida. Mas encontrar o diretor de Marketing e Comunicação da IBM Brasil, uma das empresas mais conservadoras em termos de comunicação corporativa, vestindo calça jeans e camisa social, foi, por si só, um impacto de que a mudança apregoada pelos quatro cantos do mundo não é mero lero-lero de jovens recém-saídos da universidade, a turma da “geração Y”. O executivo foi um dos participantes do Digital Age 2.0, em São Paulo, na palestra ‘Corporação 2.0: sinal aberto para as redes sociais’.

Mauro T. V. B. Segura, que se autointitula um quarentão imigrante digital, correndo atrás das informações para não perder o bonde da história, teve de acelerar o passo de tal forma que até as palavras parecem correr de sua boca. Ele justifica o motivo de ter tido os apenas 25 minutos dados pela organização do evento para discorrer sobre o tema. Mas não restam dúvidas de que a mobilidade, o excesso de informação, a falta de tempo e todos os demais ingredientes que permearam quase todas as demais palestras da terceira edição do evento, o atingiram em cheio, como a todo mundo.


O fim das fronteiras

Em sua explanação, Segura disse que um dos aspectos mais importantes da mobilidade no ambiente corporativo é o fim das fronteiras físicas e virtuais. Com a expansão da banda larga, a oferta de dispositivos móveis cada vez mais ágeis e convergentes, as pessoas tenderão a trabalhar fora dos núcleos empresariais. Ou seja, as baias ou ilhas de trabalho estão fadadas a acabar, literalmente.

Com isso, mudam inexoravelmente os relacionamentos internos nas empresas – tendendo, também, a uma relação de mais colaboração e menos de comunicação unipessoal, a exemplo do que ocorre no ambiente externo das mídias sociais. Nesse contexto, a função do profissional de comunicação torna-se fundamental, já que ele deixa de ser um mero formulador de conteúdo para adotar uma postura cada vez mais estratégica como formador de opinião e facilitador de todo o processo de comunicação. A ele caberá o dever de manter conectados os funcionários nas redes de colaboração, via comunicação orientada, com metodologia.

A primeira experiência da IBM com relação à abertura aconteceu em 1997, ao permitir total acesso à internet pelos funcionários. Em 2005, a empresa lançou um manual de uso de internet – o ‘Internet social guidelines’. Qualquer um poderia, então, criar blogs, wikis, participar de redes sociais pela empresa ou não, desde que tivesse o cuidado de se responsabilizar pelo que escrevesse e dominasse. “Esse foi, talvez, o aviso que fez e faz toda a diferença, porque nos remete ao processo educativo que usamos o tempo todo, no qual a liberdade exige responsabilidade”, explicou Segura.

Hoje, cerca de 140 mil pessoas participam de redes sociais e das mídias interativas, trocando e colaborando. Muito mais do que os números apresentados, Mauro Segura salienta a importância do processo que essa descentralização da comunicação provocou e que põe abaixo medos de dirigentes que relutam em implementar um ambiente colaborativo em suas empresas – comprovada em estudo por uma universidade em Melbourne, na Austrália. “A produtividade aumenta, em média, 9% em empresas que têm essa atitude”, revelou.

Melhor ainda foi poder descobrir que isso permite acesso fácil e rápido ao conhecimento, aumenta as chances de aparecimento de inovação ao quebrar barreiras hierárquicas e permitir que as pessoas se exponham (e suas ideias), promove comunicação direta, cria política de portas abertas, torna a tecnologia mais simples e – o que ele considera a cereja do processo – revela talentos escondidos em estruturas antes estanques, divididas em departamentos fechados com portas e paredes. “Com o compartilhamento de informação, encontramos ilhas de competências, porque as pessoas se juntam em função de interesses comuns, estejam elas em departamentos ou mesmo regiões, quiçá estados diferentes. É a junção de pluralidades que agrega conhecimentos e nos permite encontrar influenciadores”, fala o diretor de Marketing e Comunicação da IBM Brasil, com o brilho nos olhos de quem compartilhou a descoberta de um inestimável tesouro.

Seguindo o raciocínio de que o ser humano busca ser feliz na vida, pode-se dizer que Mauro Segura hoje, depois de cerca de 15 anos de vida corporativa na IBM, está com um altíssimo índice de felicidade. Afinal, ele pode falar sobre a junção, pela primeira vez na história de toda a IBM, das áreas de Marketing e Comunicação numa mesma diretoria, vivendo sob o mesmo teto, em comunhão de bens, num ambiente de pluralidades aceitas e respeitadas, convivendo para identificar tudo isso, gerando sinergias para que toda a empresa possa crescer e multiplicar resultados bons para ela e para a comunidade.

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