quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Digital Storytelling


Uma forma de juntar as facilidades das novas mídias para embalar o passado em humanas e sensíveis histórias


Inevitável sucumbir à inspiração de criar uma história sobre si mesmo, sua família, seu bairro, a comunidade, a cidade, a escola ou mesmo o novo grupo de twitteiros que se juntaram em uma confraria tão unida como já não se via há muito, desde que o individualismo aninhou-se entre todos de forma avassaladoramente só. E tudo isso sob uma ótica romântica, sensível, se não ainda com um final feliz depois de período de enormes dificuldades, semeando o crescimento.

Difícil não sair inebriada de ideias e querendo tirar do baú histórias ou transformar aquele livro de contos em um formato transmídia para torná-lo finalmente, concreto. Um evento que tenha tido como palestrante Joe Lambert, fundador e diretor do Center of Digital Storytelling, para falar sobre o que é e como fazer esta "Contagem de histórias digital", é, simples e totalmente causar tudo isso.

Texano de forte sotaque, Lambert foi quem criou o método que propõe o uso de mídias digitais nos processos de registro e criação de narrativas orais, sejam individuais ou coletivas – quer dizer, para pessoas ou empresas. E casos reais existem com assinaturas da Hewlett Packard, Apple Computer e Procter and Gamble, para citar algumas.

Co-organizador e curador de diversos festivais e conferências sobre storytelling digital em todo mundo e com formação em Teatro e Ciência Política, Joe Lambert esteve na manhã de hoje em São Paulo, contando histórias e ensinando também uma plateia formada por profissionais de Comunicação Corporativa, RH e jornalistas a fazê-lo durante o 1º Seminário Internacional de Storytelling. A iniciativa resulta do envolvimento entre a Associação Brasileira das Empresas de Comunicação - Aberje, (que postou já sobre o assunto) a Escola de Comunicações e Artes da USP - ECA, o Espaço Memória Votorantim e o Museu da Pessoa.

Por meio de um convênio de parceria, eles realizaram o evento cujo título foi "Como as histórias estão transformando os negócios – Fórum permanente de gestão do conhecimento, comunicação e memória", mas poderia ser ainda, “Como as histórias podem te transformar; aqui e agora”. O grupo de entidades prevê a organização de uma série de seminários internacionais do gênero, que deverão juntar empresas, fundações, acadêmicos e instituições de referência nos temas abordados para discutir o valor das histórias como fonte de conhecimento para as empresas. Com isso, eles devem promover a reflexão sobre a história do desenvolvimento do país e fomentar o surgimento de linhas de pesquisa que enfoquem as histórias de vida nesse processo.

Mas, o que vem a ser Storytelling?


Para quem não teve a oportunidade de estar no evento, achei que seria mágico OUVIR Joe Lambert. E como a internet é um grande oráculo, basta fazer a pergunta certa e voilá para o que você está procurando.

No podcast a seguir, passados os minutos iniciais, depois de apresentado, Joe Lambert repete o conceito de Digital Storytelling que revelou a uma plateia numerosa, interessada, questionadora e participativa, no auditório do Espaço Memória Votorantim.



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A prática

Depois do meu primeiro ano de estudo das mídias sociais, em que a tônica foram as novidades em ferramentas, participar de eventos ligados ao que as novas mídias vêm proporcionando de mudança no nosso cotidiano tem sido uma experiência única e espetacular.

Na vivência do fórum de hoje, Lambert usou para sintetizar o conceito de Storytelling um filmete de não mais de três minutos, elaborado por ele próprio. Os recursos não foram caros; apresentação em Power Point, fotos de família, algumas em PB sobre fundo brando e mensagens escritas gentilmente em inglês e português. Enquanto isso, ao fundo, sua voz propositalmente empostada contava sua história, tendo também, ao fundo, uma doce melodia. A ela cabia emoldurar o conflito pessoal sobre a questão do uso da bebida pelo filho. Algo que por gerações abalou toda a família Lambert. O pai de Joe foi alcoólatra e conseguiu superar a doença; seu irmão, sem tanta sorte, feneceu. E, agora, era a vez dele viver este conflito com seu filho, também Joe.

“O mundo é Storytelling e sempre foi. O que a internet pode ter causado num primeiro momento foi fazer todos escreverem sobre qualquer coisa, mas se as pessoas focarem no que é importante e significativo, há o que contar e o que passar como mensagem real, que faça sentido historicamente, de valor, que sirva para o futuro das gerações”, disse Lambert.

Para Lambert, independentemente da área de interesse, as plataformas para se contar histórias, como TV, internet e dispositivos móveis proporcionam inúmeros formatos correlatos – o que ele denominou de transmídia. O que importa é que as histórias sejam baseadas numa abordagem – que envolve quatro pilares – ciclo da história, seus elementos (da narrativa), a produção em si e, para corá-la, a celebração. Quanto às aplicações do Storytelling, são várias. Além da criatividade e voz pessoal – porque permite que qualquer pessoa possa criar a sua, promove mudança social e engajamento cívico; envolve educação e tecnologia e pode ser usada na Comunicação Corporativa.

Desde que criou seu método, Joe Lambert vem implantando suas oficinas em empresas para valorizar os conteúdos que realmente valem ouro em empresas, famílias, acervos de entidades, porque, de fato, com a informação tendo virado commodity, as pessoas perderam o foco sobre o que realmente é importante e essencial.

Como fazer o Storytelling? Os elementos são:

Uso de imagens
Música de fundo
História na primeira pessoa do singular
Início, meio e fim para cada história
Mensagem final
Música aumenta no final


Mas, e o conteúdo? É necessário:

Coletar idéias com todos os stakeholders envolvidos
Criar estória ou ciclos de histórias dentro da maior narrativa
Refinar os roteiros para servir a um propósito
Criar um vínculo emocional
Estabelecer intimidade
Evitar a linguagem emocional – mas mostrar os sentimentos


O Momentum – identificar a cena que melhor captura o significado e fazê-la trabalhar para atingir a emoção que vai capturar sua audiência

Depois, é importante que você ouça sua história para, então, compartilhá-la. E, para isso, vem a parte da montagem, quando entra o Digital... "Geralmente", diz Lambert, "o primeiro rascunho deveria vir como é, no papel, como um copião. Só depois é que se pensará nas mídias que serão usadas para sua divulgação. Porque as histórias conectam uns aos outros são. Mas mais importante é que elas conectam diferentes partes de nós mesmos", completou.

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